domingo, 25 de julho de 2010

Eita flusão véio bom!

Flu, 108 anos!

“Se queres saber o futuro do Fluminense, olhai para o seu passado. A história tricolor traduz a predestinação para a glória“, disse Nelson Rodrigues.

Seria otimismo de torcedor, não fossem os fatos. E se os fatos estão contra ele, azar dos fatos. Eis que surge o primeiro grande clube de futebol do Rio de Janeiro. O primeiro, pois os outros ainda eram regatas.

Luta pela formação da Liga, vence as primeiras, muda de cores e consegue a combinação mais rara de todas: Verde, branco e grená.

Único por ignorar as massas, o torcedor do Flu tem orgulho de ser “elite”. Enquanto todos brigam para também fazer parte do “povão”, o Tricolor se orgulha de não dividir esta paixão.

Senti uma única vez o que é ser Fluminense. E não mais esquecerei.

Era Libertadores de 2008, e por um acaso do destino resolvi subir pra arquibancada do Maracanã aos 44 do segundo tempo para ver o meu São Paulo confirmar a vaga nas semifinais.

Quando subi, olhei em volta e me assustei. Eles não estavam “torcendo” pelo gol milagroso, mas sim “esperando” por ele.

Nunca vi tanta certeza diante do improvável. E ali, cabisbaixo, fui confundido com um deles e fiz parte da comemoração da eliminação do meu time. Levei 10 segundos pra sentir raiva da situação, outros 10 pra ver o quanto fui sortudo de subir ali.

Afinal, de longe, não teria condições de notar o quanto eles queriam isso. Não poderia estar perto e sentir a alegria daquela multidão em conseguir aquela vitória épica. Mas eu vi, entre eles, e quando desci pra cabine não tinha mais nenhuma sensação de tristeza.

A contagiante alegria de sua torcida simplesmente neutralizou a dor da derrota do meu time. Ali, entendi: “Era a vez deles”.

Nos últimos anos o Fluminense tem conseguido fazer espetáculos com sua torcida no Maracanã. Seja pra não cair, seja pra levar um caneco, lá está ela, surgindo do nada, entupindo o maior do mundo e fazendo festas memoráveis.

“Nas situações de rotina, um `pó-de-arroz’ pode ficar em casa abanando-se com a Revista do Rádio. Mas quando o Fluminense precisa de número, acontece o suave milagre: os tricolores vivos, doentes e mortos aparecem. Os vivos saem de suas casas, os doentes de suas camas e os mortos de suas tumbas.”, disse Nelson.

Dizem que o clube sujou sua camisa ao “virar a mesa” para subir no Brasileirão. Mas não, não é por ai. Todos já fizeram uso de politicagem para conseguir vantagens no futebol. Um clube de 108 anos e tantas glórias não pode ser marcado por um presidente estúpido que eternizou o ato com uma champagne na tv.

Dizem que há anos o Fluminense não conquista nada. E eu fico com Nelson, novamente: “O que são 100 anos pro Fluminense?”.

O que pode ser maior ou mais relevante do que ter seu clube fazendo parte de 50% do jogo mais famoso do planeta?

O estádio do futebol é o Maracanã. Seu cartão postal é o Fla-Flu, e isso basta a qualquer credencial de grandeza.

Não bastasse, ainda tem os feitos, as glórias, os ídolos e as lindas derrotas.

Sim, lindas derrotas. Como as diante da LDU na Libertadores e na Sulamericana. Belíssimas partidas perdidas onde seu clube sai aplaudido, forte, limpo.

O futebol é feito de paixão. E paixão vive de altos e baixos. Não há paixão só na alegria, nem apenas na dor.

Ir a série C foi o fundo do poço pra um grande clube como o Flu. Mas, quantos sairiam deste fundo do poço?

Ele saiu. E saiu pra levar a Copa do Brasil, para disputar Libertadores, ser finalista, chegar a decisões e voltar ao cenário do futebol montando grandes times e escrevendo, em 2008, as mais belas páginas do futebol brasileiro.

Hoje, com Fred, Conca e Muricy, é um dos favoritos ao Brasileirão.

Não, não são muitos os clubes que conseguem ir ao fundo do poço e voltar sem cerimônias.

Nesta data especial, onde rivais tentarão diminuir o aniversariante, o torcedor do Flu pode olhar para trás e sentir orgulho.

Orgulho de Assis, Romerito, Branco, Thiago Silva, Edinho, Gérson, Renato, Rivelino, Washington e Castilho.

Orgulho do time campeão brasileiro de 84, do derrotado time de 2008, e do guerreiro time que evitou uma tragédia em 2009.

O Fluzão conhece, como poucos, todas as sensações que o futebol é capaz de nos dar. Do vexame a glória, da arrogância a humilhação. Mas conhece, sobreviveu a todas.

“Grandes são os outros, o Fluminense é enorme.”, disse Nelson Rodrigues, eufórico, apaixonado, cego, mas… verdadeiro.

Parabéns, Fluzão! 108 anos sendo protagonista do maior

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